Ondas Erradas e Promessas Quebradas, por Thiago Dezan.

Ondas erradas e promessas quebradas Eu fiz muitas promessas e pensei que poderia cumpri-las. Mas são meus vícios que me mantem são e salvo. Se eu parar não sou eu mesmo. De noite eu caço. Com uma câmera na mão, não tenho sentimentos nem limites. É só instinto. Sou um adicto, condenado ao meu processo. As fotos são o meio, não o fim. Não é para agradar nem incomodar. Fotografo pela adrenalina, ainda que a depressão posterior seja quase certeira. Eu vejo muitas coisas ruins, mas não consigo não olhar. Não quero representar ninguém, fotografo porque não consigo fazer o contrário. Tento desenvolver uma voz para me comunicar com o mundo que vejo ao meu entorno. Não é bonito. Ruidoso, granulado, sujo. Como escreveu Louis Aragon uma vez ‘quando chegue a hora de fechar o livro, não terei arrependimentos. Eu vi muita gente viver muito mal e muitas morrerem muito bem’.